sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Quando me Quiseres Amar …

… digo-te que vi perdidos dois corações suspensos no tempo,
soprados pela boca do vento para que se aconchegassem ao amor

Mas o vento tardou demasiado em soprá-los;
fê-lo tarde, muito tarde, e eu não os consegui alcançar

Voavam alto p’las alturas dum céu límpido de nuvens transparentes
mas, com toda a translucidez de um dia de luz luzidia,
não consegui apanhar a ponta do fio que os prendia

Queria puxá-los p’ra mim e em mim guardá-los
mas também, por mais que tentasse,
por mais que em bicos de pés me pusesse,
por mais que ginástica fizesse

por mais que o meu coração m’ o exigisse, voavam rápido

quais pássaros amantes fugidios de asas gigantes
amando-se-dançando no espaço,
deixando-me zonza

O azul do céu-azul ficou fulgurantemente vivo !

Dois corações vermelhinhos aromatizados por perfume ...
“ Caprichado “ ... que tão bem perfumou o céu que os acolheu

Ai, mas quanto queria eu também viajar nas ondas do Vento da Consolação!

Em segredo, enclausurei o pensamento na minha caixinha de prata-cinzelada
trabalhada-alto-relevo, onde guardo os meus encantos de fama e os fecho,
com chave de ouro lavrada

Na tampa,
gravadas,
duas iniciais
… um monograma …

(conhecê-lo ?! …
se o adivinhares dou-te um grama do meu coração
e todos os anéis das minhas mãos)

O meu esforço não foi em vão,
mas, uma lágrima espontânea-furtiva-pérola-perdida
rolou pelo meu rosto por se ver fora da sua concha

Sequei-a afavelmente com a ponta da colcha da minha cama,
que no seu sossego aconchegado à manta vermelha de xadrez preta e branca
assistia
sem ‘palavras’,
ao meu drama

Na mesma hora fui guardá-la debaixo dum rochedo, que só eu sei onde ele mora

Para te despertar o engenho a arte e o pensamento,
digo-te,
que fica junto dum arvoredo que eu adoro e bendigo
ladeado por um silvado de amoras alecrim e rosmaninho
do qual, também, o caminho só eu sei

Vá, descalça-te…

Não olhes p’ra trás

Vai andando … segue em frente …

Procura o caminho … ele é fofo e curtinho …

Encontrarás lá um coração t’ esperando …

« E o outro ?! »
( guardei-o dentro de TI ) !



Este Poema chamou-me a atenção pela forma quase tipo diálogo como está escrito. Um Poema que dá vontade de ler do princípio ao fim. Magá Figueiredo, uma Poetisa que conheci recentemente num grupo Poético a que ambos pertencemos.
 Ela espelha a diferença da maneira como escreve, não podia deixar de incluir um Poema seu neste canto dos meus amigos Artistas. Seja bem vinda Magá, sua Poesia juntou mais uma Estrela a este firmamento.